terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O meu mundo imundo

O perfume é francês
Para um jantar em restaurante japonês
Pago com dólar americano

O ouro é inglês
Mas já foi português
Roubado do Brasil

A moda é falar chinês
Um novo estilo de vida burguês
De estuprados a estupradores

Africano continua fudido e pobre continua latino
Que continua latindo pra virar burguês
Do defasado e quebrado estilo de vida americano

Americano continua cretino
Atacando e levando sapatadas na bolsa mês a mês
O coquetel está na mão, mas não...AIDS tem que matar africano

Brasileiro continua sem saber cantar o hino
E o mundo virou nosso freguês
Sabe o que eu acho? Cuidado que lá vem cano.

Fernando Tenório

Aquele amor

Eu já fui anacoluto daqueles que grita:
Ela está bem, eu fico puto!
Talvez não seja mais anacoluto e sim inveja
Daquelas que depreda, dejeta e degrada.
Eu já fui hipérbole daquelas que nunca se cala
E fala, declara e arromba senzalas...
Para me fingir de escravo ou ser verdadeiramente um cativo
Ativo e hoje antigo.
Eu fico puto, mas ela está bem.
Virou algo muito plural, cheio de sentidos, um verdadeiro bacanal de figuras de linguagem...
E aí vira amargura, ela tão madura e eu aqui com tantos “poréns”
É, francamente, eu ando puto e a minha mente mente...

Fernando Tenório no lado experimental do hexágono de Espinosa

Sanatório

E os extremos se estremecem
Um momento de equilíbrio tecem
Não sei se por sorte
Tênue e fugaz
E os extremos se aquecem
Corpos e vidas padecem
Dessa luta, desse choque, dessa morte
Do futuro, do agora e do atrás.

Fernando Tenório pensando na psiquiatria e seus objetos de estudos...

O meu talento: O tormento

Eu gosto de desafiar a arte
Ou seria aborrecer?
Sobretudo quando me dou conta da parte
Que me cabe ou do que posso ser
Devido a essa herança mal repartida
Sempre fico, da arte, com a obrigação de cantar a dor da despedida.




Fernando.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O enlance

Hoje tem bolo, champanhe e glacê
Promessas cumpridas
Embriagadas despedidas
E a sóbria noiva ensaiando jogar o buquê

Hoje tem bolo, champanhe e glacê
As famílias convocadas
Murmúrios cortantes, comentários ardis, vidas dilaceradas
Os ex amores na deprê

Hoje tem glacê, champanhe e bolo
Eternos cúmplices do mesmo pecado
Agora abençoado, depois acomodado
Dançando a valsa, imaginando castelos, tijolo a tijolo

Hoje tem glacê, champanhe e bolo
Perante o padre, os beijos calientes
Fotografados milimetricamente são mais prudentes
Carícias carentes sem dolo

Hoje tem bolo, glacê, champanhe
Objetivos concretizados, outros nem tanto
Sorrisos irradiantes varrendo todos os males para o canto
Sonho que ele jamais sonhe

Hoje tem bolo, glacê, champanhe
Felizes pra sempre, na saúde e na doença
Na alegria e tristeza, ser fiel para que nenhum mal os vença
Vão em paz e que Deus os acompanhe

Fernando Tenório retratando um festa, mais um cotidiano...

Faixa não ouvida

Gaza não engasgue
Com balas, mortes e gaze
Gaza não engasgue
A guerra não é santa e eles não sabem o que fazem
Gaza não engasgue
Ao beber esse santo sangue derramado
Gaza não engasgue
Vendo crianças sem pais, paz e esse mundo desalmado
Ora, Gaza não engasgue
Teus territórios hão de ser desocupados
Ora, Gaza não engasgue
Mísseis israelenses, programados, são silenciosos
Ora, Gaza não engasgue
Ao ver ociosos soldados molestar tuas filhas
Ora, Gaza não engasgue
Teus gritos tão amordaçados têm que sair logo dessa trilha
Chora Gaza, chora, antes que alguma bomba a ti cale
Fala Gaza, fala, antes que alguém por ti fale.


Fernando Tenório vendo noticiário de Tv

domingo, 4 de janeiro de 2009

SMS pra vc

Revoga o tão gritado arrependimento
Transformando o tal em algo concreto e irrevogável
Se não fizeres, de fato, serei obrigado a fazer
Sinta-se livre...Sem mais

Fernando Tenório

sábado, 3 de janeiro de 2009

Maligno

Chega esporadicamente
Sem delimitação
Mitoses sucessivas, meticulosamente
Não há interrupção

Navalha que fere
Corpo, mente e alma atingidos
Inutiliza tecidos
Crescimento anômalo defere

Um mal bem nutrido, demente
Que não tem medo da morte, nasce pra imortalização
Dor de forma pungente da mente
Fruto do sucessivo e árduo processo de internalização


Embriagada angústia...não há quem libere
Orações, preces, promessas...pedidos
Fármacos, massacreterapia...fundidos
Na esperança que Ele coopere

Fernando Tenório estudando Patologia

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Carteira de identidade

Válida em todo território nacional
Apresso-me a decorar o número do registro geral
Detalhes sórdidos da fabricação, incógnita sobre a validade
Adentra na data de expedição e a naturalidade

Pai e mãe simplificados a uma filiação
Pois filho sou dessa rota nação
Polegar direito impregnado
Ferrão, escravo, mutilado, multinacionalizado, privatizado

Já não basta ser dona da verdade
República Federativa não viole minha cidade

Já não basta ser dona das informações
República Federativa não burocratiza os meus sertões

Já não basta vender nossa propriedade
República Federativa não terás minha verdadeira identidade

Já não basta ter mutilado milhões
República Federativa não carimba esses pobres corações

Fernando Tenório filosofando ao olhar sua carteira de identidade...Brincando de ser Alberto de Oliveira

Passos delimitados

Vem menina, não pare de requebrar
Paraliso ao ver a ti
Você tão segura de si
E eu aqui dentro a me procurar

Vem menina, não há com o que se preocupar
Você encanta, eu canto
Eu medo, você acalanto
Ainda é cedo não vai clarear.

Fernando Tenório sem inspiração

Fotografias

Vejo nas fotografias
A pátina de meu rosto
Brincadeira de mau gosto
Essa de passar do tempo

Passeio na foto...

Vejo nas fotografias
O envelhecer, o morrer
Prefiro até esquecer
Essa de passar do tempo

Passeio na foto
Comparo as grafias...

Vejo nas fotografias
O que reflete o meu hoje, o dia-dia
Transformação do medo em agonia
Essa de passar do tempo

Passeio na foto
Comparo as grafias
Eternas noites frias...

Vejo nas fotografias
Lembro dos amigos de outrora, idealizo o eterno
Encontro o efêmero, os colegas, momentos sem terno
Essa de passar do tempo

Passeio na foto
Comparo as grafias
Eternas noites frias
Delas sobrou-me você, meu cotidiano terremoto.


Fernando Tenório relendo algo e vendo fotos

Ode à angústia

O cobertor é curto
E a vida plena também
Sem o grito, cinismo, lirismo
Nada sou...Talvez um armazém

Cheio de mágoas, fantasmas
E nunca vendo além
Com medo, reprimido, deprimido
Nada sou...Talvez um armazém

Sem chão, sem teto, meu show encurto
Fico mudo, a platéia também
Repetir o pedido, realismo, romantismo
Nada sou...Talvez um armazém

Morte anunciada, marcas e dramas
Agora avisto o além
Engolir o choro, zumbido, comprimido
Nada sou...Talvez um armazém

Armazém sem teto,sem chão...mágoas, fantasmas
Abarrotado...De medo, choro e dramas
Ilhado...Inatingível prisão
E você, ceifadora de almas, é a libertação.


Fernando Tenório com o eu lírico triste no segundo dia de 2009...Somente ele

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Porta-Retrato

Teu olhar exterioriza
Invade e finda
Cópia de Monalisa
Chega a deslocar minha retina

Teu sorriso é um porta-estandarte
Traz a alma, a calma, o ainda
Verdadeira obra de arte
Avistar a efígie da egrégia menina

Tua boca hipnotiza
Lábios simbólicos e invasivos, paisagem linda
Palavras saem, tornam-se brisa
Para encontrar-me a cada esquina

Tua vida é capítulo da minha, grande parte
És meu carnaval, Olinda
Vasta felicidade sem aparte
Pois na dança do meu coração, você é a bailarina


Fernando Tenório novamente apaixonado pela mesma flor do imenso jardim no primeiro dia de 2009.

Começo de ano-(de)novo!(?)

Um peixe sempre fora d'água
Mesmo estando próximo ao mar

Todo mundo e quase ninguém
Nada do mundo, todo um alguém
Um encontro inusitadamente planejado
Um olhar planejadamente inusitado

Sem hora, sem assunto
Senhora, eu lhe pergunto:

O que eles esperam alcançar?
O que eles cansam de esperar?

Foi apenas mais um começo
De um fim que não chegou (De algo que nada mudou?)
No fim das contas, reconheço
Não foi apenas o mundo que girou




By João Gustavo. EnJo(hnn)y! ;D